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17 de fevereiro de 2011

Da Liberdade que não temos e das Pessoas que não somos

Você já se perguntou, o quanto se tornou banal, por fim a relações de qualquer tipo entre duas pessoas, em nome de uma suposta liberdade individual? Já percebeu, o quanto nossa naturalidade está prostituída, isso mesmo PROSTITUÍDA, com os valores e desejos da economia capitalista e suas distintas armas? Observou, o quanto vem sendo adotado um discurso único, de que os sentimentos são desejos determinados, de acordo com as interpretações econômicas e jurídicas, que damos a eles, em um destinado tempo? Já notou o quanto “o amor de novelas”, vem sendo materializado nos desejos de consumidores, cada vez mais vorazes, por um novo capítulo de sexo e drama? Por que será que analistas preveem a solidão como o mal dessa e das próximas gerações?

Se tentando responder as provocações acima, o leitor, considerar que são apenas hipóteses falaciosas de um escritor abalado, por cotidianos e desilusões diversas, com certeza você não assistiu nem um canal de TV, seja ele local ou nacional, não acessou nenhum blog na net ou outro tipo de infromação virtual, muito menos deve ter se dedicado, anarquicamente e afetivamente, por um determinado tempo de sua existência, a alguém. Não se trata somente da relação homem e mulher ou sexo e amor, mas de todas, que envolvem desde a eterna guerra dos sexos, até as relações mais singelas entre amigos, embora, tenha sido a relação homem e mulher a que mais alterou a percepção do mundo, das pessoas e seus sentidos. Resta inferir, que não se faz aqui uma defesa melancólica do passado, muito menos se pretende, um combate ansioso ao futuro.

Talvez, se possam trocar todas as vociferações acima, por outras, pensadas e profetizadas ainda no século passado, por Hakim Bey, filósofo, poeta, cientista social e libertário, nascido nos Estados Unidos, sem com isso perder nosso raciocínio inicial: Estamos nós, que vivemos no presente, condenados a nunca  experimentar a autonomia, nunca pisarmos, nem que seja por um momento sequer, num pedaço de terra governado apenas pela liberdade?  Estamos reduzidos a sentir nostalgia pelo passado, ou pelo futuro? Devemos esperar  até que o mundo inteiro esteja livre do controle político para que pelo menos um de nós possa afirmar que sabe o que é ser livre? 

O que se presencia no cotidiano, comum a todos, é uma separação em nome da liberdade e da igualdade entre os diferentes, discurso esse, que encontra sua base assentada na produção de verbalizações ideológicas e leis, destinados a defender os direitos no geral e a liberdade individual. Esse divórcio, vem causando no espaço humano, a materialização de guetos, coletivos de iguais, reunidos com um propósito em defesa de um objetivo. O propósito é a liberdade, o objetivo é a igualdade. Imaginando todos, ser possível, determinar que sejamos plenamente livres em algum momento ou como se a igualdade residisse na separação de idéias e dos diferentes, ou quem sabe ainda, na imposição através de leis, que em muitos casos, apenas reproduzem, ampliam ou invertem, a intolerância ao diferente. 
 
Nelson Rodrigues, em um de seus ataques de inteligência desabafou certa vez: TODA UNANIMIDADE É BURRA, e não importa se esta se manifesta através de grupos organizados ou de poderes constituídos, democraticamente ou não. O que se viu, no diário cotidiano desta primeira década do século XXI, foi uma massificação explosiva de grupos diversos lutando para expor e hegemonizar suas ideologias, enquanto que em outro extremo,  esquecemos, cada vez numa proporção maior e mais veloz, que as relações entre as pessoas se dão em primeiro plano pelo contraste, mas acima de tudo ou antes de mais nada, pelo dialogo justo entre as diferentes partes e não pela submissão a ideologias. 

A liberdade individual ou de grupos que pensam iguais, estabelecida como cúmulo máximo da ideologia humana, foi diversamente propagandeada na segunda metade do século passado, porém o ápice dessa ideologização maciça  se deu com mais intensidade,  ao longo da década de 80, pejorativamente conhecida, como a década perdida.  No Brasil, o principal reflexo desta década, foi à derrocada do autoritarismo militar, iniciado em 1964, quando ainda vivíamos no planeta todo, sob a égide da segunda década, de predomínio do discurso ideológico, bi polarizado, entre capitalismo e socialismo. Porém, o principal elo que uniu os anos 80, foi sem dúvida, a queda do muro de Berlim, em 1989, materializando, o fim da divisão mundial, entre aqueles que eram obrigados a pensar iguais; e aqueles que são obrigados a pensar livre, ou que seja, a derrocada do socialismo prático e a hegemonia completa do capitalismo oportuno. 
 

O século XX, foi marcado pela presença de guetos diversos, seja os mais descabidos da Alemanha Nazista, ou seja, a própria divisão do mundo em dois guetos distintos, que colocaram de um lado os capitalistas e seu modo de viver made in USA; e no outro extremo, os socialistas e sua utópica igualdade de condições universal, sendo em ambos os casos, o estado o grande bem feitor de tais condições. No entanto, a superação institucional do socialismo, no final da década perdida, não somente enfraqueceu a utópica luta por igualdade, mas também potencializou a promoção da diferença, cordialmente defendida por organizações ou grupos sociais, que se dizem sempre, serem os mais novos e legítimos, “desmarginalizadores”, de todo o substrato social.

Assiste-se uma espécie de “BBB” global, onde diversos agentes sociais estão se organizando em busca da igualdade de condições, ao mesmo tempo em que livremente se digladiam, como que em um jogo constante, na busca categórica de um prêmio, a massificação da igualdade por intermédio de políticas públicas diversas, como se fosse possível direcionar todos a pensarem de um único jeito e serem livres de uma única forma. A universalidade,  é uma característica marcante que une homens e mulheres, sejam eles,  gays ou heteros, negros ou brancos, africanos ou brasileiros, enquanto seres livres e pensantes que dominam hegemonicamente o planeta Terra e seus recursos naturais, a principal fissura existente nas relações estabelecidas entre estas espécies de animais terráqueos, localiza-se na sua histórica luta por dominação e ocupação do planeta e por suas identidades, biologicamente diferenciadas.

O que há de errado nisso, até aqui? Nada, sempre lutamos por poder, seja na idade do fogo, ou seja, na idade média, a não ser que, aprendemos com os revolucionários reprimidos do século passado, a vender ao estado e a mídia nosso direito de compreensão e percepção do outro e passamos a aceitar na forma da lei e em defesa da democracia, flashbacks da igualdade e da liberdade, reproduzidos e fragmentados de um todo e ofertado  em partes, com interesses próprios e não de um coletivo universal. 

Esquecemos, que o fim do socialismo, significou primordialmente a submissão total dos estados nacionais aos mecanismos de domínio ideológico do capitalismo, e simultaneamente, suas populações são submetidas aos desígnios do interesse privado e do consumo exagerado. 

Assim como Pedro Bial, nossos governantes parecem dirigir uma grande casa, onde seus participantes são meticulosamente observados e exageradamente incitados a promover panelinhas, que os permitam chegar a um objetivo final, ganhar um prêmio máximo por sobreviver na democracia capitalista e suas leis de estados constituídos, ou seja, a aparente união da humanidade que se anuncia pode ser benéfica, apenas para aquele(s) grupo(s) que melhor conseguir (em) articular seus jogadores, em torno de um coletivo qualquer e seus objetivos, porém, para que isso possa ocorrer, parece que se torna necessário eliminar qualquer discurso contrário, que venha contradizer a maioria embelezada de propaganda ou denegrir a minoria representante do poder.
E quando isso não ocorre, basta mandar o indisciplinado(s) para o paredão, eliminando sua forma de pensar, com uma enxurrada de votos democraticamente programados, ou, não se tratando de um programa de televisão, basta mandar prender mais um, educá-lo em presídios públicos, como punição pela coragem de se rebelar contra a enlouquecida massa e sua ideologia capitalista, embriagada de propagandas, produtos ou mercadorias.

Há de se questionar, onde fica a Educação, nesse processo todo, porém não aqui e nem agora, se faz oportuno discorrer sobre tal assunto, com a devida abrangência que é necessária, não é esse o norte pretendido aqui, contudo, para não deixar mais uma questão em aberto, concordo com o matemático e professor da USP Luciano Castro Lima, em artigo publicado no livro Geografia em Perspectiva: Educar é emancipar o existir humano, nem tanto pelo encanto da palavra, mas pela beleza de se ter a fala.


 Imagininemos, se a comunidade gay conseguir plasmar todos os seus ideais? Ou, como será se as mulheres conseguirem superar os homens em todos os sentidos, como esperam algumas feministas, potencialmente acometidas pelo mau de electra? Imagine se os heteros, homens ou mulheres, resolvem se organizar em grupos, para defender a existência dos igualmente diferentes? Ou quem sabe, Osama Bin Laden, caso ainda vivo, consiga impor seu modo de conceber o mundo? Como seria se algumas dessas situações fossem materializadas? Ora, em qualquer caso seria necessário extirpar o outro com uma lei ou uma arma, a exemplo do que fez Hitler ou os vencedores da II Guerra Mundial. Somente assim, na extinção e na imposição se é possível hegemonizar uma forma de pensamento que promova a igualdade. Somos iguais, apenas na condição de ser humano que racionaliza o que sente? Ou somente conseguiremos ser livres, sempre que exercemos, de qualquer maneira, nosso poder, sobre o outro? 

Nenhuma teoria deve ser posta somente como provocação, muito menos como indutora de verdades únicas, o diálogo é o melhor método para se chegar ao consenso e a liberdade de pensamento, nesse sentindo, revolta-se ao início deste artigo, mais precisamente ao libertário Hakim Bey e sua ideologia, talvez assim, ele direcione melhor o diálogo, entre a razão do ser e seu sentir, estabelecido até então, segundo ele: A razão diz que o indivíduo não pode lutar  por aquilo que não conhece. E o coração revolta-se diante de um universo tão cruel a ponto de cometer tais injustiças justamente com a nossa, dentre  todas as gerações da humanidade.

 Nenhuma ideologia, por mais bem elaborada, defendida e necessária que seja, deveria servir de gueto para proteger um grupo em detrimento do outro, pelo contrário, reconhecer que o outro pensa diferente, é um ponto de partida para se chegar ao consenso sobre o que é liberdade, um caminho mais humano e menos prostituído, para uma espécie de animal que se orgulha em se diferenciar dos demais, por ser capaz de formular e materializar pensamentos e sentimentos. Ressalte-se aqui, o termo prostituído, retire-se dele qualquer interpretação que direcione a condenar os prazeres sexuais, independente de quais sejam as necessidades humanas, some-se a palavra, qualquer interpretação que conduza a valorizar um sentimento de aviltamento da dignidade humana.


Não restam dúvidas, que vivenciamos grandes avanços na promoção da igualdade de condições entre as pessoas, porém o preço dessa igualdade tem sido generosamente esquecido, quando se entra no campo das relações pessoais e à construção de universalidades livres. Ao invés de se observar uma fraternidade maior entre as pessoas, no dia a dia, se presencia um aumento dos direitos individuais, uma virtualização dos sentimentos, uma banalização do sexo, uma substituição maciça da espiritualidade pela drogas e seus delirantes prazeres e um esquecimento cada vez mais constante dos valores sentimentais, que construímos diariamente. Ou, nas palavras de Milton Santos: Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção.

Segue abaixo um vídeo intitulado LIBERDADE, ANGUSTIA E MORTE, produziddo em acordo com o pensamento de, Jean Paul Sartre, que a leitura do texto e o conhecimento do vídeo, venham se metamorfosear numa interpretação que permita ao leitor, por alguns momentos, refletir sobre sua condição de igualdade que lhe escraviza a liberdade, ou, vice-versa.

 
 Texto e seleção de Video de Fernando Liberato 

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